domingo, 13 de janeiro de 2008

O QUE É FEROMÔNIO?

Substâncias que produzem excitação

A linguagem do cheiro

A importância dos odores na comunicação entre os insetos foi reconhecida pela primeira vez pelo entomólogo francês Jean Henri Fabre (1823-1915).

Para realizar suas pesquisas, Fabre mantinha em gaiolas as fêmeas de um certo tipo de mariposa (Lasiocampa quercus), cercadas com um verdadeiro coquetel de cheiros (naftalina, água de lavanda, sulfeto de hidrogênio - que tem cheiro de ovo podre - e petróleo).

Como as regras de segurança do laboratório não eram lá muito rigorosas, as mariposas estavam expostas, além de todos os outros odores, ao forte cheiro de fumo que emanava do cientista. Apesar de toda essa barreira de cheiros em volta das fêmeas, os machos da espécie conseguiram chegar até elas, voando a partir de uma certa distância, graças a uma substância química produzida pelas fêmeas. Essa substância conseguia atraí-los tão intensamente a ponto de ultrapassar o efeito repelente dos outros cheiros.

Os gregos tinham uma palavra para isso:

Só a partir da década de 1950 foi cunhado o termo "feromônio" para descrever essas substâncias químicas que são o grande ativador sexual para muitos insetos. Feromônio vem das palavras gregas phero - que quer dizer "transportar", "carrear"- e "(hor)mônio", combinadas.

Podemos traduzir "feromônio", de forma mais expressiva, como "transportador de excitação". Como os hormônios, os feromônios são mensageiros químicos mas, em vez de transportar informação dentro de um indivíduo, eles transportam as informações entre indivíduos de mesma espécie.

No rastro do Cheiro

Existe um tipo de borboleta, cujo macho pode captar o odor da fêmea à surpreendente distância de 5 quilômetros. Apenas uma molécula do tipo certo basta para fazê-lo sair voando através do vento em busca de sua companheira de acasalamento. Como ele consegue este feito notável?

Uma olhada em suas antenas (sensores) e temos uma resposta. Cada antena é um dispositivo guarnecido de pêlos sensoriais, todos sintonizados com a substância química emitida como sinalização pela fêmea, a partir de uma glândula especial localizada em seu abdômen.

Não são apenas as fêmeas dos insetos que "usam" o perfume atraente. Em algumas espécies, ambos os sexos emitem os sinais odoríferos. O que faz com que um grupo inteiro se encontre e a fêmea possa fazer sua escolha. Ambos os sexos das larvas da mariposa da folha do algodoeiro também produzem os feromônios. Entretanto, o primeiro macho a encontrar a fêmea libera uma outra substância química que age de forma a confundir e afastar outros pretendentes.
O que as fêmeas de uma centena de espécies de insetos têm em comum com a fêmea do elefante asiático?

Surpreendentemente, todas elas produzem uma mesma substância química: Z-7-dodecenil-1-acetato. Sua produção pelas fêmeas dos insetos sinaliza que estão prontas a acasalar, enquanto que a fêmea do elefante produz a mesma substância em sua urina, imediatamente antes da ovulação. Essa descoberta levou a outras investigações e demonstrou-se que a substância provoca uma resposta nos elefantes machos. Quando exposto ao Z-7-dodecenil-1-acetato, o elefante-macho toca a substância com sua tromba (pois ele não tem antenas!), leva a tromba até a boca, e aplica a substância no céu da boca, onde está situado o órgão vomeronasal.

E o que é esse órgão vomeronasal?

Estudos têm demonstrado que a maior parte das espécies de vertebrados têm um órgão vomeronasal (OVN), situado na cavidade nasal. A finalidade do OVN parece ser exclusivamente a de detectar os sinais químicos envolvidos no comportamento sexual e de marcação de território. A fêmea da espécie de rato Microtus ochrogaster toma algumas gotas da urina do macho durante a fase de galanteio para acasalamento. Algum feromônio presente na urina do macho estimula o OVN da fêmea que sinaliza ao cérebro a liberação de hormônios que vão desencadear o cio. Esses feromônios podem fazer triplicar de volume o útero da fêmea e estimulam sua ovulação dentro do período de dois dias.

Se a maioria dos vertebrados têm um órgão vomeronasal... E o homem?

Embora um cirurgião holandês (Ruysch) tenha identificado, em 1703, um pequeno órgão no nariz como sendo o órgão vomeronasal, têm havido controvérsia quanto à sua existência e importância. Uma escola de pensamento dá apoio a Ruysch, outra já acredita que o órgão não existe ou é apenas vestigial.

Estudos recentes, entretanto, parecem de fato estar voltando a apoiar a primeira escola de pensamento. O OVN humano consiste de duas pequenas bolsas de 2 mm de profundidade, cerca de 1 cm a partir das narinas, abrindo-se em pequenas cavidades ocas com pequenos orifícios em seus centros, de cerca de 0,1 mm de distância. Só para comparação: o OVN do elefante tem 20-25 cm de comprimento!

Temos um órgão vomeronasal - E daí?

Quando o anatomista Dr. David Berliner estava pesquisando a composição da pele humana, observou que, quando deixava abertos frascos contendo extratos de pele, os sentimentos dele e das pessoas à sua volta pareciam mudar -- tornavam-se mais cálidos e amistosos. Esses sentimentos diminuíam se os frascos eram tampados. Essas descobertas levaram-no a investigar o potencial que as diferentes substâncias têm para estimular o órgão do "sexto sentido", o OVN, e a pesquisar o uso de feromônios como perfumes, de modo a dar à natureza uma "mãozinha" no campo dos romances.

No futuro, bem que poderemos usar quantidades mínimas, mas poderosas, de feromônios humanos para atrair nossos parceiros.

http://casadeperfumesdonatipasko.com/
Texto extraído do site da Universidade Federal de Santa Maria-RS